A grife de luxo Animale foi condenada pela Justiça do Paraná a indenizar uma ex-secretária de ministério e sua mãe após um caso de racismo dentro de uma loja da marca em um shopping de Curitiba. A decisão do juiz Lucas Cavalcanti da Silva, da 12ª Vara Cível de Curitiba, determinou o pagamento de R$ 30 mil para cada uma das vítimas, com correção monetária e juros legais.
Abordagem constrangedora dentro da loja
O episódio aconteceu quando Rita Santiago e sua mãe, Glória Maria, visitaram uma unidade da Animale para comprar um casaco. Durante a compra, as duas provaram algumas bijuterias e seguiram para o caixa. No entanto, antes de realizar o pagamento, um gerente da loja ordenou que ambas abrissem as bolsas.
Em uma postagem no Instagram, Rita relatou o impacto da abordagem. “Fui surpreendida com um corpo branco de olhos azuis fulminantes, que não estava acostumado a ver gente negra pagando por suas compras“, escreveu. Segundo ela, a desconfiança velada reforçava um estereótipo racista de que pessoas negras estariam ali para furtar e não para consumir. A mãe de Rita, emocionada, chorou diante da situação.
Após a intervenção de uma vendedora, o gerente se desculpou. No entanto, Rita e sua mãe registraram um boletim de ocorrência por injúria racial e calúnia. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar os fatos.
Decisão da Justiça e posicionamento da marca
O juiz Lucas Cavalcanti reconheceu que a abordagem da loja teve caráter discriminatório e determinou que a grife pagasse a indenização por danos morais. A decisão também garantiu a aplicação de correção monetária e juros moratórios desde a data do ocorrido.
A Animale se manifestou por meio de uma nota à imprensa, alegando que o episódio “não condiz com as boas práticas da empresa” e reforçando o compromisso da marca com a diversidade e inclusão.
Ações afirmativas foram negadas no processo
Além da indenização, Rita também solicitou no processo que a marca adotasse medidas afirmativas para promover a inclusão de pessoas negras. Entre os pedidos estavam:
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Pedido de desculpas públicas às vítimas e a outras pessoas negras que já sofreram discriminação nas lojas da Animale.
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Contratação de modelos negros em campanhas publicitárias da marca.
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Implementação de cotas para pessoas negras dentro da empresa.
No entanto, o juiz negou os pedidos, argumentando que essas ações não caberiam ao âmbito do processo judicial. Em suas redes sociais, Rita lamentou a decisão.