Julia Konrad entre a cena e o afeto

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Julia Konrad usa vestido Lo de Lui; scarpin Vicenza, anéis Tiffany&Co – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

Com uma trajetória que transita entre atuação, produção e empreendedorismo cultural, Julia Konrad — que agora estreia como produtora no curta “Língua” — mergulha em personagens com o mesmo cuidado que dedica aos bastidores. No cinema, seu mais novo trabalho, “Câncer com Ascendente em Virgem”, é uma dramédia potente sobre afeto, redes de apoio e o impacto de narrativas feitas por e para mulheres. Fora das telas, ela também lidera o DRAMA, plataforma de formação artística que nasceu do desejo coletivo de democratizar o acesso à técnica e fortalecer laços na profissão.

Nesta entrevista, Julia fala sobre construção de personagem, saúde mental, inspiração criativa, moda e os muitos caminhos que encontrou para continuar contando histórias — de dentro e fora da cena.

HBB – “Câncer com Ascendente em Virgem” chega aos cinemas com um elenco poderoso. Como foi construir sua personagem nesse universo tão íntimo, já que o roteiro parte de uma história real da produtora Clélia Bessa?

JK – Esse é um filme que fala sobre câncer de mama de forma leve, sensível e responsável. Foi um projeto especial tanto pelo tema quanto por ser feito por mulheres e para mulheres — algo ainda raro no nosso mercado. Mas, apesar disso, é um filme para todos. É uma dramédia que fala sobre cuidado, relações e afeto, com muito humor e humanidade. A construção da personagem foi uma jornada muito bonita. Me senti muito acolhida por um elenco forte e generoso. Exibimos o filme para pacientes oncológicos, profissionais da saúde e ONGs, e foi emocionante ver o público se reconhecendo na tela. Isso mostra como é importante contar esse tipo de história com verdade. Fazer parte de uma equipe feminina tão potente foi um privilégio.

HBB – O que mais te emocionou ou te desafiou durante as filmagens desse longa? Há alguma cena que te marcou de forma especial?

JK – A cena mais especial pra mim foi justamente a última que gravei: o encontro da minha personagem com a personagem da Suzi Pires no hospital. A Clara (personagem da Suzi) passa mal ao receber uma notícia, e a Ju, minha personagem, que é médica, acolhe ela ali — numa troca muito íntima e vulnerável. O que torna essa cena ainda mais interessante é o contexto: a Ju é a atual do ex-marido da Clara. E, mesmo assim, o que se estabelece entre elas é acolhimento, não rivalidade. A forma como isso foi escrito e dirigido trouxe uma camada de humanidade muito bonita.

Julia Konrad usa blusa Galerista; brincos Paola Vilas e anéis Tiffany&Co – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

HBB – Você também está à frente da plataforma DRAMA. De onde veio a vontade de criar esse espaço coletivo de formação para atores?

JK – O que me encantou desde o início foi a proposta de desenvolver uma plataforma de treinamento artístico com a participação ativa de atores. O DRAMA foi criado pela Juliana Neves e Amanda de Godoi, e é um projeto totalmente financiado por artistas. Formamos um coletivo de sete atores para cocriar cada etapa — além de Amanda e eu, somos Giovanna Grigio, Bruno Montaleone, João Côrtes, Polliana Aleixo e Ricardo Burgos. Pensamos juntos desde o conteúdo até o funcionamento da plataforma.

A ideia era construir um espaço que oferecesse tudo o que gostaríamos de ter tido acesso no começo da carreira: técnica, prática diária, exercícios, o famoso ‘caminho das pedras’. Mas, mais do que isso, o DRAMA nasce do desejo de criar comunidade. A gente se uniu de verdade nesse processo, e é esse espírito de troca e fortalecimento que queremos levar pra quem chegar até a plataforma.

HBB – A DRAMA tem um propósito muito bonito de democratizar o acesso à formação artística. Qual é a maior urgência que você enxerga na formação de atores no Brasil hoje?

JK – A maior urgência hoje é o acesso. O DRAMA foi criado justamente pra isso — por ser online, qualquer pessoa, em qualquer lugar do Brasil, pode acessar conteúdos de qualidade. Reunimos atores de diferentes regiões que construíram suas carreiras e agora compartilham suas experiências com quem está começando, especialmente fora do eixo Rio-São Paulo.

O DRAMA não é um curso de formação, mas oferece aulas de técnica, exercícios diários e conteúdos que complementam a formação de quem já está estudando. Também é uma ótima porta de entrada pra quem quer começar — e um espaço de prática contínua pra quem já trabalha com atuação.

Mais do que uma plataforma, é um coletivo. Atores profissionais se aproximam de quem está no início da jornada, criando uma rede real de troca e apoio. E o fato de sermos também investidores nos envolve em cada etapa com cuidado e presença. A gente está ali, construindo junto.

Julia Konrad usa Top e saia Adriana Degreas; pulseiras Hector Albertazzi e scarpin Arezzo – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

HBB – No curta LÍNGUA, você estreia como produtora. Como foi essa experiência nos bastidores e o que te levou a transformar o álbum do Barro em um álbum visual?

JK – Barro é um grande amigo e colaborador de muitos anos. A ideia inicial era transformar o álbum Língua em um álbum visual, mas o projeto cresceu e virou um curta-metragem com dramaturgia própria. O roteiro, escrito pelo diretor Bruno Veras, parte da ideia de que cada fase da vida tem um sabor — o término é amargo, a lembrança salgada, o reencontro é doce, até chegar ao umami, quando tudo se encaixa. A trilha do filme é o próprio disco do Barro, que guia a narrativa emocional da história.

Gravamos em fevereiro com uma equipe jovem, diversa e majoritariamente de Recife. Foi um dos sets mais leves e criativos que já vivi. Recife é quase um personagem — aparece colorida, leve, bonita. A fotografia de Maíra Iabrudi (Aquarius, Bacurau) traduz esse clima com sensibilidade. O elenco, formado em sua maioria por atores locais como Edmilson Barros e Sofia Malta, trouxe autenticidade e presença à história. E tivemos ainda o talento do Will Souza na assistência de direção, recém-premiado pelo projeto Narrativas Negras Não Contadas da Warner Bros/Max.

Houve um cuidado real com diversidade e acessibilidade — tanto na escolha da equipe, com forte presença de mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+, quanto nos recursos de inclusão como LIBRAS, audiodescrição e legendas. Além de atuar no curta, foi minha estreia como produtora, meu primeiro passo atrás das câmeras. Deu tão certo que já estamos desenvolvendo um segundo projeto junto com Bruno, com Recife e a cultura popular pernambucana mais uma vez como pano de fundo.

HBB – Entre atuação, produção e empreendedorismo cultural, como você lida com essas diferentes versões de si mesma no trabalho?

JK – Por muito tempo, eu mesma me bloqueava. Tinha vontade de produzir, de empreender, mas achava que não era “pra mim”, que faltava experiência — aquela velha síndrome da impostora. Quando finalmente me permiti, percebi o quanto tudo está conectado. Atuar, produzir, criar… uma coisa alimenta a outra. Acho que a gente, como ator ou atriz, precisa também aprender a se movimentar por trás das câmeras. Não só pra entender melhor o mercado, mas pra ter autonomia e contar as histórias que fazem sentido pra gente, sem depender de um convite ou de uma aprovação externa. Foi assim no curta Língua, foi assim no DRAMA. Me envolvi de verdade, do início ao fim, e senti essa energia de coletivo, de fazer junto. Isso me renovou como artista, me lembrou por que eu amo contar histórias. E, sinceramente, acho que todo artista deveria experimentar esse sentimento.

Julia Konrad usa Top e saia Adriana Degreas; pulseiras Hector Albertazzi e scarpin Arezzo – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

HBB – Você se lembra do momento em que entendeu que queria ser atriz? Teve algum filme, peça ou artista que te despertou isso?

JK – Nossa, eu demorei pra entender isso, mas sempre esteve meio na cara! Eu era uma criança introvertida, no meu próprio mundo, mas superartística — fazia piano, balé, encenava falas da Disney com as bonecas, adorava brincar de faz de conta sozinha.

Quando me mudei pra Buenos Aires, onde vivi dos 11 aos 20 anos, comecei a fazer teatro musical no colégio. No início, coro e papéis pequenos. Aos poucos, os personagens foram crescendo, até que, no último ano, fiz a Glinda numa montagem amadora de Wicked. Ali percebi que não tinha mais volta — eu amava muito estar no palco.

Fiz audições pra conservatórios fora, passei, ganhei uma bolsa pra estudar em Nova York. Quase não fui — fiquei com medo de não dar certo, achava que meus pais estariam jogando dinheiro fora. Apesar da bolsa, morar nos Estados Unidos era caro, e com visto de estudante não tinha como trabalhar lá. Mas minha mãe não quis saber, me mandou de todo jeito. Mãe sabe das coisas, né…

HBB – O que você anda assistindo ultimamente? Alguma série, filme ou peça que te impactou e que você recomendaria?

JK – Tô completamente obcecada por Ruptura (Severance), que acabou de encerrar a segunda temporada. Uma das melhores obras de televisão dos últimos tempos. Pra quem for começar agora, já tem duas temporadas completas disponíveis — vale muito a pena maratonar.

Também tô amando The Studio, série do Seth Rogen na Apple TV+, que brinca com os bastidores de um grande estúdio de Hollywood. Pra quem gosta do universo do cinema, é sensacional.

Filme: recomendo muito Oeste Outra Vez, do diretor Erico Rassi — um western brasileiro com uma sensibilidade linda. O roteiro é ótimo, e o elenco está incrível, com Ângelo Antônio, Babu Santana e uma atuação impressionante do Rodger Rogério, que pra mim é o melhor personagem do filme. Vale assistir enquanto ainda está em cartaz.

Julia Konrad usa Vestido Adriana Degreas – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

HBB – E quando o assunto é inspiração fora da tela: livros, música, arte… o que tem te alimentado criativamente?

JK – Nos livros, entrei no Clube do Livro/Filme, criado pela Paula Jacob, pra tentar ler mais este ano… mas até agora só consegui participar de um encontro! (risos) A gente lê clássicos, vê as adaptações e debate. Começamos com O Talentoso Ripley, Rebecca, O Auto da Compadecida, e agora estamos com Frankenstein, da Mary Shelley. Comprei o livro… ainda falta começar.

E música, pra mim, é quase tudo. É o que mais me alimenta criativamente. Tô sempre escutando alguma coisa — seja um disco novo, seja algo que eu amo e volto pra ouvir do começo ao fim. Tenho esse hábito de parar e escutar um álbum inteiro, sem distrações. Também adoro ir a shows, buscar experiências ao vivo… música, pra mim, é vida.

Ultimamente, tenho feito um exercício divertido: deixo o algoritmo do Spotify me guiar e vou montando uma playlist gigante só com músicas que poderiam virar trilha de cenas. Fico imaginando qual história aquela faixa contaria, que atmosfera ela criaria. Virou um hobby criativo mesmo — uma espécie de curadoria afetiva que mistura música e narrativa, e que me ajuda muito também na hora de preparar uma cena, seja pra um teste ou na construção de uma personagem.

HBB – Para quem está começando na carreira artística agora, qual seria o maior conselho que você daria?

JK – A coisa mais valiosa que um artista pode fazer no início da carreira é construir comunidade. Encontrar pessoas que pensam a arte de forma parecida, que compartilham os mesmos sonhos e referências — e criar junto.

Colaborar, experimentar, testar, errar… tudo isso faz parte. Reúne amigos, faz um curta com o celular, marca leitura de roteiro, pensa em textos pra montar, mesmo que ainda não seja viável realizar agora. O mais importante é se manter em movimento e não fazer esse caminho sozinho.

HBB – Com tantos projetos acontecendo ao mesmo tempo, como você cuida da sua saúde mental no meio do caos criativo?

JK – Ultimamente, eu tenho entendido que cuidar da saúde mental começa por cuidar da saúde física. Descobri isso na prática. Tava num período de muita ansiedade e dificuldade pra dormir — passava o dia bebendo café, comendo sem horário, qualquer coisa, me alimentando mal. E meu corpo não aguentava mais.

Comecei a fazer pequenos ajustes: comer melhor, nos horários certos, me mexer um pouco todos os dias… e tudo melhorou. Os problemas têm o tamanho que precisam ter, não entro num espiral de ansiedade. Percebi que, quando meu corpo tá nutrido e regulado, eu consigo lidar com os estresses da vida e do trabalho de uma forma muito mais equilibrada. É como se o organismo tivesse, de fato, as ferramentas pra me ajudar a atravessar o caos.

HBB – Moda e arte sempre caminharam juntas. Qual é a sua relação com a moda no dia a dia e nos seus personagens?

JK – Eu gosto muito de moda — não sei se me considero uma grande fashionista, mas é um universo que me interessa. No dia a dia, acabo optando por peças boas e versáteis, que funcionam em várias ocasiões. Gosto de roupa com cara de vida real, sabe? Algo confortável, que me acompanhe no que eu estiver vivendo naquele momento. Não fico presa a montar um look, mas gosto de estar bem, de me sentir bem.

Já nos personagens, moda é essencial. O figurino informa muita coisa — ele revela camadas, cria gestos, altera a postura. Quando você começa a testar o que funciona e o que não funciona, é ali que a personagem começa a ganhar corpo. É uma parte fundamental da construção pra mim.

HBB – Existe algum ritual seu antes de entrar em cena ou de começar um novo projeto?

JK – Música e perfume. Acho que os dois acessam a memória sensorial de um jeito muito direto — e, com isso, vem a emoção. Sempre que começo a preparar uma personagem, escolho um perfume pra ela. Eu coleciono amostras grátis, então tenho vários vidrinhos pequenos e vou testando até encontrar aquele que me informa algo sobre o universo dela. Estudo sempre com esse cheiro.

Com música é igual. Crio uma playlist específica pra personagem, com faixas que me ajudam a entrar no corpo e no estado emocional dela. Antes de entrar em cena, coloco o perfume, escuto uma música específica — e pronto, entro naquele lugar.

Julia Konrad usa top Framed; calça Animale; brincos e anéis Vivara e pulseiras Panconesi – Foto: Pedrita Junckes, styling: Kaká Lobo, beleza: Grasiela Paz e agradecimentos ao Flyz Studio

HBB – Você sente que existe espaço para inovação dentro do mercado audiovisual brasileiro ou ainda é um ambiente muito fechado?

JK – Acho que o mercado audiovisual brasileiro ainda tem muitos desafios, mas também vejo cada vez mais artistas criando, se unindo, produzindo de forma independente. Isso mostra que existe espaço pra inovação, sim — e que a mudança já está acontecendo, mesmo que aos poucos.

Também acredito que a gente precisa olhar com mais carinho pra toda a cadeia da cultura. A arte gera muitos empregos, movimenta a economia e amplia o nosso olhar sobre o mundo. E, pra que mais histórias sejam contadas, a formação de público é essencial — mais gente indo ao teatro, ao cinema, assistindo produções nacionais, apoiando o que é feito aqui.

Pensa na indústria da música: o público vai aos shows, paga ingresso — é isso que mantém tudo vivo. Com o cinema e o teatro, a lógica é a mesma. A gente precisa cultivar esse hábito, essa relação. No fim, é isso que sustenta o mercado. Eu sigo acreditando que tem espaço pra quem quer contar histórias — principalmente quando a gente se apoia e constrói junto.

HBB – O que ainda está nos seus planos para este ano? Algum sonho que você espera realizar nos próximos meses?

JK – Esse ano já chegou com uma energia meio maluca, imprevisível — tem muita coisa acontecendo. E estou cheia de ideias, projetos em movimento, pensando e sonhando junto com amigos que admiro muito.

Se tem um sonho que eu espero realizar nos próximos meses, acho que é justamente viver tudo isso com presença. Porque, de certa forma, muitos sonhos já estão acontecendo. Agora é aproveitar. E agradecer.


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