A primeira segunda-feira de maio voltou a colocar os holofotes sobre o Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Mas, em 2025, o MET Gala foi muito além do glamour. Com o tema “Superfine: Tailoring Black Style”, o evento deste ano se transformou em um marco cultural, destacando a influência da moda negra no mundo contemporâneo.
Uma celebração da identidade negra
A exposição central, que ficará aberta ao público entre 10 de maio e 26 de outubro, mergulha na estética do dândi negro, figura que simboliza elegância, resistência e liberdade. Inspirada no livro da professora Monica L. Miller, a mostra destaca como a alfaiataria moldou identidades dentro da diáspora africana. Junto com o curador-chefe Andrew Bolton, Monica construiu um roteiro visual que resgata histórias muitas vezes ignoradas pelos grandes salões da moda.
Uma nova linguagem de estilo
O dress code do evento, batizado de “Tailored to you”, incentivou os convidados a vestirem peças que refletissem suas personalidades com silhuetas bem definidas. A alfaiataria, em vez de limitar, tornou-se instrumento de expressão individual. Marcas como Louis Vuitton, patrocinadora do evento, marcaram presença com criações ousadas e autorais, muitas delas assinadas por Pharrell Williams, atual diretor criativo da linha masculina da grife.
Os anfitriões do ano
A escolha dos anfitriões também refletiu o espírito da noite. Ícones como Pharrell Williams, A$AP Rocky, Lewis Hamilton e Colman Domingo lideraram a celebração, enquanto LeBron James, mesmo ausente por compromissos na NBA, foi nomeado coanfitrião honorário. A lista incluiu ainda personalidades negras de diversas áreas, como a escritora Chimamanda Ngozi Adichie, a ginasta Simone Biles, o estilista Dapper Dan e o cantor Usher.
Arte e moda em diálogo
A montagem da exposição levou a curadoria do MET a outro nível. A artista Torkwase Dyson assinou a cenografia, enquanto a escultora Tanda Francis criou cabeças de manequins inspiradas em máscaras africanas. O fotógrafo Tyler Mitchell, conhecido por seus retratos icônicos, ficou responsável por um ensaio exclusivo. O jantar da noite teve cardápio assinado pelo chef nigeriano-americano Kwame Onwuachi.
Da passarela para a política
Desde a ascensão do movimento Black Lives Matter, em 2020, o Costume Institute se comprometeu a ampliar suas narrativas. A atual exposição representa um ponto de virada, com mais de 150 peças de estilistas racializados adquiridas nos últimos anos. As doze características do dândi negro, descritas pela antropóloga Zora Neale Hurston, guiam o percurso da mostra e convidam o visitante a repensar o papel da moda como instrumento político.
A tradição que se transforma
Criado em 1948 como evento beneficente, o MET Gala passou de jantar discreto para noite mais aguardada da moda global. Sob o comando de Anna Wintour desde 1995, o evento se reinventou sem perder a essência. Neste ano, porém, a transformação foi ainda mais profunda: o MET Gala deu voz, corpo e imagem a quem por muito tempo foi excluído do centro das atenções.