“O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho, está concorrendo a Palma de Ouro no Festival – Foto: Divulgação
Pela primeira vez em sua história, o Brasil é o grande homenageado do Festival de Cannes. Na 78ª edição do evento, que começa nesta terça-feira (13), o país ocupa o posto de convidado de honra em comemoração aos 200 anos de relações diplomáticas com a França — e marca presença com força em praticamente todas as frentes da programação: da Seleção Oficial à Marché du Film, o tradicional mercado do festival.
Na competição principal concorrendo a Palma de Ouro, o destaque é o aguardado “O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho, responsável por sucessos como Aquarius e Bacurau. A produção marca o retorno de Wagner Moura ao cinema brasileiro e é uma das apostas mais fortes da mostra em 2025. Ambientado no Brasil do final dos anos 1970, o longa acompanha a jornada de um professor que retorna ao Recife durante o Carnaval e precisa enfrentar memórias pessoais em um país à beira da transformação política.
A pluralidade do cinema nacional também aparece em outras seções importantes. Na mostra Un Certain Regard, voltada a olhares autorais e novas narrativas, está o filme “O Riso e a Faca”, inspirado na canção homônima de Tom Zé. Já na seleção Cannes Classics, que celebra grandes nomes da história do cinema, o documentário “Para Vigo me Voy!” presta homenagem ao legado do cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano. Dirigido por Karen Harley e Lírio Ferreira, o filme percorre os marcos da carreira do autor de Bye Bye, Brasil e outros clássicos.

Na mostra Un Certain Regard, voltada a olhares autorais e novas narrativas, está o filme “O Riso e a Faca”, inspirado na canção homônima de Tom Zé – Foto: Divulgação
A presença brasileira se estende também à mostra ACID (Association for the Distribution of Independent Cinema), dedicada ao cinema independente internacional. Lá será exibido o longa “Culebra Negra”, uma coprodução entre Brasil, Colômbia e França que amplia o alcance da produção nacional no festival. Na mostra de curtas-metragens oficial, “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli, é o representante brasileiro. O filme traz participações especiais de Gilberto Gil e Camila Pitanga, e reafirma o papel do samba como elemento de resistência e renovação estética.

Na mostra de curtas-metragens oficial, “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli, é o representante brasileiro – Foto: Divulgação
Além da seleção artística, o Brasil também terá uma presença expressiva na Marché du Film, o mercado de cinema paralelo ao festival. Com o apoio do programa Cinema do Brasil, mais de cem empresas nacionais estarão representadas este ano — entre produtoras, distribuidoras, agentes de vendas, festivais e prestadoras de serviço. É a maior delegação brasileira já registrada no evento, refletindo o crescimento e profissionalização do setor audiovisual no país.
A edição de 2025 não apenas celebra esse histórico como aponta para o futuro, com um conjunto de obras que reafirma a potência criativa do Brasil e sua capacidade de dialogar com o mundo por meio da arte e do cinema.