De 28 de maio a 1º de junho, a ArPa Feira de Arte apresenta sua quarta edição na Mercado Livre Arena Pacaembu. Reunindo mais de cem artistas e por volta de sessenta galerias, a ArPa se divide, este ano, em três eixos. No Setor Principal, produções inéditas do mercado; no Setor Base, projetos expositivos e conversas com artistas que abordam uma prática pedagógica; e no Setor UNI, projetos individuais sob a curadoria de Ana Sokoloff.
Na edição de 2025, que também promove diálogos e publicações de livros, a diversidade é o foco: além do Selo Mandacaru — que premia artistas fora do eixo Rio-São Paulo —, cerca de 50% das artistas e galerias apresentadas são mulheres e lideradas por mulheres.
As artistas interpretam suas visões de mundo e sociedade por meio de obras que refletem noções de ecologia, colonização, memória e resistência. Confira, a seguir, uma seleção das artistas femininas de destaque:
Casas Riegner: Camila Rodríguez Triana
Neste ano, a galeria apresenta a artista colombiana Camila Rodríguez Triana em projeto individual. Explorando suas origens, ela reflete sobre as relações entre seres humanos e natureza, resgatando saberes ancestrais de sua cultura. Temas como identidade, descolonização e memória são pilares de seu trabalho atual, traduzido na ArPa com obras que utilizam técnicas como bordado, tecelagem e ourivesaria sobre páginas.
Obra de Camila Rodríguez Triana – Foto: Casas Riegner
Almeida & Dale: Lais Myrrha e Vivian Caccuri
A galeria apresentará obras das séries Céu de Brasília, de Myrrha, e Sonograma, de Caccuri, apresentadas na feira. A mineira Lais Myrrha discute sistemas de poder, ocupação de espaços e legitimação da história oficial em obras que evidenciam as relações entre locais físicos e simbólicos. Já a paulistana Vivian Caccuri busca traduzir experiências sonoras em obras visuais, corporais e tecnológicas, ressignificando percepções cotidianas.

Obra de Vivian Caccuri – Foto: Almeida & Dale
Aninat + COTT: Lucila Gradín
No solo show da argentina Lucila Gradín, a galeria apresenta os estudos que a artista desenvolve, há mais de dez anos, sobre plantas nativas e suas propriedades tintoriais e medicinais. Explorando as capacidades do Pau-Brasil e do Pau de Campeche, Gradín traduz seu olhar sobre o impacto do extrativismo na América Latina em peças têxteis.
Yehudi Hollander-Pappi: Stephanie Lucchese
Dedicando-se principalmente à pintura e ao desenho, Lucchese cria cenas onde diversos elementos se fundem em movimento. Em seus trabalhos, figuras humanas, plantas, frutos e formas orgânicas compõem as telas — uma metáfora sobre o tempo e as transformações constantes.

”The Moment After”, de Stephanie Lucchese – Foto: Divulgação
Fortes D’Aloia & Gabriel: Tatiana Chalhoub
Os trabalhos apresentados traduzem os estudos em pintura e cerâmica esmaltada de Chalhoub. Transitando entre pequenos “buquês” de cerâmica e pinturas de paisagens, a artista reinterpreta a natureza em superfícies fragmentadas ou acidentadas, abraçando os acidentes dos processos criativos.

“Bonsai”, por Tatiana Chalhoub – Foto: Edouard Fraipont
Marli Matsumoto Arte Contemporânea: Mayana Redin
No setor UNI, a galeria apresenta trabalhos recentes, na maioria inéditos, da artista Mayana Redin. Seus conjuntos de esculturas dialogam com “modos construtivos de imaginar a criação e a destruição de mundos”, feitos a partir de construções, encaixes e justaposições.

Obra de Mayana Redin – Foto: Filipe Bernt
Campeche: Alicia Ayanegui
No mesmo setor, a Campeche apresenta trabalhos da mexicana Alicia Ayanegui, empenhada em observar os objetos como testemunhas da vida humana e da passagem do tempo. Em suas pinturas recentes, Ayanegui reflete sobre a finitude da vida em contraponto à beleza do desgaste — interpretando os elementos que compõem o ambiente.

Pintura de Alicia Ayanegui – Foto: Divulgação
Luisa Strina: Brisa Noronha
Para a edição, a galeria Luisa Strina se junta a cinco artistas para explorar o branco. Cada um deles reinterpreta, à sua maneira, as inúmeras possibilidades que existem no branco, utilizando-o como um “elo poético” entre as obras. Brisa Noronha reivindica a ausência da cor em uma instalação espacial com formas orgânicas.

Instalação de Brisa Noronha – Foto: Edouard Fraipont
OMR: Ad Minoliti
No espaço da OMR, a argentina Ad Minoliti reúne um novo conjunto de obras que refletem sua visão a respeito das realidades não-binárias, pós-humanas e decoloniais. As pinturas reinterpretam as formas geométricas como seres não binários, propondo “um mundo alternativo influenciado por tradições artísticas do Sul Global”, como afirma a galeria.

“Antifa Landscape”, de Ad Minoliti – Foto: Divulgação
Minoliti também apresenta, na Pinacoteca, a exposição Escola Feminista de Pintura, que transforma a sala expositiva em um espaço de aprendizado. A mostra reúne obras de artistas femininas que tiveram destaque no Brasil desde os anos 1950 e fica em cartaz até o dia 27 de julho.