Dior Cruise 2026 – Foto: Divulgação
Uma mise-en-scène da memória e da imaginação — ou, quem sabe, um prenúncio? Maria Grazia Chiuri, talvez à beira de sua última coleção na maison, reafirma a moda como discurso cultural. Roma, sua cidade natal, serve de palco e metáfora, com o exclusivo jardim da Villa Albani Torlonia — residência de obras de arte gregas e romanas, mas de difícil acesso, até para Jean Pigozzi, um dos maiores colecionadores de arte do mundo — transformado em passarela para uma reflexão sobre identidade, poder e performance.
Nada ali foi aleatório: vestidos que parecem saídos de um retrato renascentista, casulas eclesiásticas reinterpretadas, coletes estruturados, lapelas marcantes, casacas e jaquetas militares atualizadas. A dança entre referências, estilos e nomes da arte e da moda se impõe em volumes e texturas, potencializada pelo branco — não como ausência, mas como amplificador de detalhes.
A teatralidade não está apenas nas roupas, mas no próprio gesto: fazer do inacessível um palco; transformar vestígios históricos em signos contemporâneos. Não se trata de nostalgia, mas de um jogo lúdico entre passado e presente.
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Enquanto o mercado especula sobre sua sucessão, Chiuri permanece impassível, fiel à sua proposta: usar a moda como ferramenta para construir não apenas coleções, mas pontes, memórias e futuros — mesmo que resgatados do além.
No fim, obviamente, a coleção não desfila apenas roupas, mas apresenta uma narrativa de desejos e sonhos, onde fantasmas são evocados — não para assombrar, mas para iluminar o caminho adiante. No caso da Dior, ainda não se sabe se esse caminho seguirá de mãos dadas com Maria Grazia Chiuri. Será? Façam suas apostas!