Carolyn Bessette on Madison Avenue. New York, US.(Photo by Lawrence Schwartzwald/Sygma via Getty Images)
A história (e o estilo) de Carolyn Bessette-Kennedy
Carolyn Bessette-Kennedy era como uma princesa americana nos anos 80 e 90 — que, infelizmente, partiu cedo demais. Dona de uma história digna de roteiro de cinema (e que em breve ganha vida na série American Love Story, de Ryan Murphy), Carolyn teve tanto uma influência cultural quanto estética. Entre camisas brancas impecáveis, vestidos slip e um coque loiro perfeitamente desalinhado, ela construiu uma das estéticas mais copiadas — e mal compreendidas — da moda dos anos 90. Discreta, misteriosa e absurdamente elegante, CBK foi alçada ao estrelato fashion ao se casar com John F. Kennedy Jr., herdeiro do mais mítico clã político americano. Mas seu legado vai muito além de ser “a esposa de”: Carolyn é, até hoje, sinônimo de luxo silencioso, minimalismo com personalidade e sofisticação sem esforço.

White Plains New York. 1969/1970 – Foto: WWD
O nascimento de um ícone americano
Nascida nos arredores de Nova York e criada em uma família de classe média, Carolyn começou sua trajetória na moda como vendedora na Calvin Klein, nos anos 90. Dedicou-se e cresceu profissionalmente até ocupar o posto de diretora de comunicação da marca — uma função que já exigia um olhar apurado para imagem e estilo. Foi nesse ambiente que conheceu John F. Kennedy Jr. e, em pouco tempo, tornou-se uma figura pública perseguida por paparazzi e obsessivamente analisada pela mídia.

UNITED STATES – OCTOBER 05: John F. Kennedy Jr. and his wife, Carolyn Bessette Kennedy, are on hand at the Municipal Art Society gala at Grand Central Terminal. They turned out to celebrate the terminal’s renovation. (Photo by Richard Corkery/NY Daily News Archive via Getty Images)
Minimalismo, mas nunca entediante
Apesar das comparações com Jackie Kennedy, sua sogra e ícone da era ladylike, Carolyn sempre teve uma abordagem mais moderna, urbana e autêntica que retratava a cultura contemporânea americana e suas origens. Amava o preto total, mas jamais de forma previsível. Misturava texturas, explorava cortes e silhuetas com precisão quase arquitetônica, e evitava excessos: maquiagem leve, quase nenhuma joia e uma predileção por acessórios vintage — que equilibravam com graça o rigor das peças principais.
Entre seus favoritos, estavam designers como Prada, Yohji Yamamoto, Ann Demeulemeester e Comme des Garçons — nomes que até hoje influenciam uma geração de marcas independentes e grandes maisons que exploram o “quiet luxury” com menos logomania e mais conteúdo.
Passados mais de 25 anos desde sua morte trágica, Carolyn segue como uma das maiores referências de estilo da história recente. E, como lembrado recentemente com as primeiras imagens da série de Ryan Murphy, replicar sua estética não é simples.
Era high-low antes mesmo do termo existir.

UNITED STATES – OCTOBER 23: Newlyweds John F Kennedy Jr. and Carolyn Bessette Kennedy walk along Varick St. (Photo by Jon Naso/NY Daily News Archive via Getty Images)
Os cinco pilares do estilo CBK
1. Casacos Statement
Carolyn amava peças de impacto, como um trench da Prada ou um sobretudo estruturado de Yohji. Mesmo com uma paleta neutra, ela sabia brincar com textura e silhueta — e suas escolhas sempre vinham com um toque de audácia.
2. A tiara de tartaruga
Se há um acessório que virou sinônimo de Carolyn, é a clássica headband de acetato tartaruga. Usada com vestidos da Miu Miu, jeans e até alfaiataria, ela representava sua feminilidade discreta, mas marcante.
3. Óculos ovais
Seus inseparáveis óculos da Selima Optique tornaram-se tão icônicos que a marca batizou o modelo “Carolyn” em sua homenagem. Combinavam com tudo: de lenços na cabeça a casacos oversized e botas de salto fino.
4. Peças base refinadas
Para ela, uma camisa branca era qualquer coisa menos básica. Sua peça mais famosa, da linha masculina da Yohji Yamamoto, foi usada no gala do Whitney Museum em 1999. Camisetas, calças bem cortadas e loafers complementavam sua fórmula.
5. Total black para ocasiões especiais
Carolyn gostava de se vestir de preto da cabeça aos pés em jantares e eventos, mas sempre com variações sutis. Um ombro só aqui, uma luva de veludo ali. O resultado? Looks teatrais na medida exata — e nunca datados.

CAROLYN BESSETTE, WIFE OF JOHN JOHN KENNEDY (Photo by Lawrence Schwartzwald/Sygma via Getty Images)
Uma persona que entrou para a história e que se foi muito cedo
Carolyn faleceu aos 33 anos, ao lado do marido e da cunhada, em um acidente de avião. Poucas imagens suas foram registradas ao longo da vida — menos de 100 são amplamente conhecidas — e, ainda assim, ela se mantém como um dos maiores ícones de moda do século XX. Parte disso vem de sua estética, sim. Mas parte vem da forma como conduziu sua imagem: com controle, reserva e muita intuição.
Como escreveu Liana Satenstein, da Neverworn: “A mulher se controlava. Não dá para colocar esse tipo de fantasia em um moodboard.”
E é justamente por isso que a tentativa de transformá-la em personagem exige mais do que bons looks: exige sensibilidade para traduzir um estilo que era, antes de tudo, uma extensão de sua alma.
Carolyn Bessette-Kennedy nos ensinou que o verdadeiro estilo não está na tendência do momento, mas na coragem de vestir a própria essência. Enquanto aguardamos a estreia de American Love Story, revisitamos sua história para lembrar que elegância de verdade é aquela que atravessa décadas — e permanece.