Desenhos delicados, canetinhas coloridas e um momento só seu. Essa é a receita simples que vem conquistando milhões de pessoas nas redes sociais, especialmente no TikTok. Os livros de colorir criados pela artista Abbie Bobbie Gouveia, da Califórnia, se tornaram sensação entre jovens e adultos que buscam um refúgio criativo.
Com personagens como coelhos, patinhos, gatinhos e ursinhos, os livros da linha Bobbie Goods transformaram o hábito de pintar em um gesto de autocuidado.
Uma pausa necessária para o cérebro
De acordo com especialistas em saúde mental, atividades criativas como colorir ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade. A psicóloga Jhully Pereira Gonçalves explica que a prática estimula a atenção plena, melhora a concentração e até baixa os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Além disso, ela afirma que o simples ato de se desconectar das telas e focar nos traços e nas cores ajuda o cérebro a silenciar ruídos internos. “É uma forma de presença no agora que muitos perderam na correria do dia a dia”, ressalta.
O TikTok como vitrine do bem-estar
O fenômeno cresceu rapidamente com vídeos de usuários colorindo os livros e mostrando suas técnicas com canetas marcadoras de tons vibrantes. Entre os criadores de conteúdo, nomes como Sofswo e Isa Rodrigues atraem milhares de visualizações e seguidores mostrando os resultados de suas sessões de pintura.
Para muitos, os vídeos têm um efeito quase terapêutico. “É gostoso ver alguém colorindo com calma, escolhendo as cores, preenchendo os espaços… dá vontade de fazer também”, comenta uma usuária na plataforma.
Mais do que passatempo, um novo estilo de vida
O ressurgimento dos livros de colorir representa também uma mudança cultural. Hoje, falar de saúde mental não se limita a terapias tradicionais. Hobbies que antes eram vistos como simples distrações, agora ocupam um espaço central na busca por qualidade de vida.
A psicóloga explica que existem três grandes tipos de hobbies: físicos, como esportes; intelectuais, como leitura; e criativos, como a pintura. “A criatividade tem um poder enorme de nos reconectar com nós mesmos”, afirma Jhully.
Uma opção para todas as idades
Apesar do sucesso com o público adulto, as crianças também aderiram à tendência. Com a proibição do uso de celulares em algumas escolas, elas passaram a buscar outras formas de se divertir. É aí que os livros ilustrados ganham espaço.
Segundo a coordenadora educacional Simone de Moura, os temas dos desenhos — como guloseimas, flores, ou piqueniques ao ar livre — criam uma conexão emocional instantânea. “As imagens despertam memórias e sentimentos da infância, sem precisar de enredos complexos”, explica.
Além do Bobbie Goods
Embora o Bobbie Goods esteja em alta, ele não é o único. Muitos ainda recorrem às mandalas, conhecidas por suas formas geométricas complexas, ideais para quem gosta de mais desafio. Outros preferem pintar em cerâmicas, telas, ou até criar seus próprios desenhos do zero.
O importante, segundo Jhully, é encontrar uma forma de expressão que traga prazer, sem pressão por resultados. “Colorir é sobre o processo, não sobre a perfeição. É uma forma de estar inteiro, mesmo em silêncio.”