Papa Francisco – Foto: Divulgação
Nas audiências privadas com o Papa, cada gesto, cor e escolha de vestimenta carrega um simbolismo profundo — especialmente no caso das mulheres da realeza. Um detalhe que costuma chamar atenção é a cor do traje: enquanto a maioria se apresenta em preto, algumas poucas têm autorização para vestir branco. Trata-se do chamado “privilégio do branco”, uma tradição protocolar vaticana tão seletiva quanto simbólica.
O privilégio, que remonta a séculos, não está ligado ao poder ou à posição, mas à fé: somente rainhas e princesas de casas reais católicas podem optar por usar branco diante do Papa. Atualmente, esse grupo restrito conta com apenas sete mulheres no mundo — entre elas, a rainha Mathilde da Bélgica, a rainha Letizia da Espanha e a princesa Charlene de Mônaco. A lista inclui ainda nomes como a grã-duquesa Maria Teresa de Luxemburgo, a princesa Marina de Nápoles, além de rainhas eméritas como Sofia da Espanha e Paola da Bélgica, cujos maridos já deixaram o trono.

A princesa Charlene de Mônaco e o príncipe Alberto II durante visita ao papa Bento XVI em 2013 – Foto: Getty Images
A rainha Camilla, esposa do rei Charles III, em uma de suas últimas visitas ao Papa Francisco, surgiu com um vestido preto, escolha que chamou atenção pela sobriedade. A cor, no entanto, não foi apenas uma questão de estilo — foi um gesto de respeito à tradição. Camilla, assim como Charles, pertence à Igreja da Inglaterra, que se separou da Igreja Católica em 1534, e portanto não tem direito ao uso do branco.
O protocolo não é uma regra imutável, tampouco um código rígido como era no passado. A obrigatoriedade do preto para mulheres sem o privilégio, por exemplo, vem sendo flexibilizada. Elizabeth II, durante sua visita ao Vaticano em 2014, vestiu-se de lilás, quebrando o tradicional luto visual, mas sem desrespeitar a solenidade do encontro.

Rainha Elizabeth II, durante sua visita ao Vaticano em 2014 – Foto: Getty Images
Mais do que uma norma de vestuário, o privilégio do branco é um lembrete visível das conexões históricas entre a Igreja e algumas das mais antigas monarquias católicas do mundo. E, mesmo em tempos modernos, segue como uma marca de reverência