OPINIÃO: Entre fervo e frevo, a vez do Brasil em Cannes

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Foto: Getty Images

Por Rodrigo Pitta, de Cannes

Cannes vai além do glamour que costuma dominar os holofotes. Durante 15 dias, a cidade na Riviera Francesa vira centro das atenções não só pelas estreias no Grand Palais, mas também pela efervescência que toma cafés, festas, painéis e encontros paralelos — muitos deles mais reveladores do que o próprio tapete vermelho. Nesta edição, marcada por debates sobre representatividade, política e o papel das novas mídias, dois brasileiros ganharam destaque: Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho foram premiados como Melhor Ator e Melhor Diretor, respectivamente, pelo longa O Agente Secreto. A seguir, relato o que vi — e vivi — por lá:

São 9 da manhã e o maquiador e hairstylist Cláudio Belizário — nome por trás de visuais de estrelas internacionais — termina de preparar um grupo de modelos no elegante Hotel Martinez. “Cannes está para o Oscar porque entendeu que a beleza também conta uma história”, diz ele. “A arte da beleza faz qualquer um convencer que é alguma coisa. Quando começo a maquiar, é um enredo; quando termino, já virou outro.”

Eva Herzigová (Foto: WireImage)

Já às 11h, estou de smoking dentro de um táxi, a caminho de um shooting com Eva Herzigova. Ao meu lado, o fotógrafo britânico Matthew Brookes. Na porta dos fundos do hotel, a aglomeração de paparazzi dificulta a entrada — em Cannes, mesmo os retratos mais planejados disputam espaço com o improviso. Eva surge e, para minha surpresa, vem direto em nossa direção, gritando “Matt!”, antes de puxá-lo para fora da multidão. Sigo junto. Sem hesitar, Matthew pede: “Vai até os fotógrafos. Quero meus colegas como parte da cena também.” Em segundos, Eva faz a mágica acontecer. “Cannes é um retrato. Ilumina tudo, faz as estrelas reluzirem ainda mais”, comenta ele, já a caminho do próximo clique: Carla Bruni e Naomi Campbell, que comemorou o aniversário na cidade.

Aproveito a carona até o Le Vesuvio, restaurante próximo ao Palais, onde encontro Talize Sayegh, criadora do Hollywood Brazilian Film Festival. “Sinto que aqui, assim como no meu festival, o cinema ainda prevalece. Essa arte é uma necessidade para o ser humano”, explica. O clima de movimentação segue forte no Marché du Film. O Brasil é o país homenageado este ano, e é possível encontrar nomes de todas as áreas do entretenimento circulando por Cannes. Vejo produtores buscando financiamento, reencontro a cineasta Mariana Jorge, que está com dois projetos internacionais, e sigo para minhas próprias reuniões. Ao final da tarde, encontro meu amigo Jay Boggo para o nosso primeiro tapete vermelho juntos — na estreia do documentário Histórias de Surrender, de Bono Vox.

Foto: Getty Images

A EXPERIÊNCIA

Subir o tapete vermelho em Cannes é uma experiência à parte — e cercada de regras. É proibido fotografar ou se fotografar. Nos cantos das escadarias, seguranças à paisana empurram discretamente os convidados até o topo, com aquela típica “educação francesa”. A menos, claro, que você seja Bono ou Wagner Moura — aí, o tapete é todo seu. No Grand Théâtre Lumière, a chegada das celebridades é transmitida ao vivo numa tela gigante. Bono entra, é aplaudido, tropeça, quase cai — e, pasmem, olha direto para mim enquanto filmo sua aparição do alto do balcão. O documentário, em preto e branco, intercala relatos pessoais com trechos de um show solo no Beacon Theatre, em Nova York. Só ele, voz e memória. Um luxo!

Saí tocado pelo filme, mas a noite ainda estava longe de acabar. É Mario Kaneski, relações-públicas incansável e figura conhecida entre os brasileiros em Cannes, quem nos conduz para a próxima parada: uma festa com pista fervendo ao som da dupla de DJs Polo & Pan, no clube Silêncio — versão temporária do espaço de David Lynch montada no Casino do Palais. Lá, reencontro a atriz e cantora Marcela Hazel. “Vim fazer um show amanhã no Hotel Carlton e pretendo fazer um protesto no tapete vermelho: Protect Trans Youth (proteja jovens trans, em português)”, avisa. Jay, por sua vez, se prepara para vestir Emilie Lesclaux, esposa de Kleber Mendonça Filho, na estreia de O Agente Secreto. “Terei a honra de vestir Emilie, uma das maiores produtoras de cinema do mundo. Esses momentos estão me marcando profundamente”, conta, empolgado.

Da esq. para a dir.: elenco de “O Agente Secreto” na noite de exibição do filme (Foto: Getty Images)

FERVO E FREVO

Na manhã seguinte, sentado no Café Roma, reflito sobre as camadas que formam Cannes. Sempre achei que fossem três: o Olimpo dos que importam, o céu das semi-celebridades e a imprensa de boulevard. Mas é mais complexo. Hoje, quem movimenta a engrenagem do festival são os turistas — gente de todo lugar que transforma a cidade em espetáculo. Cannes entrega mais do que Hollywood. O Oscar é uma noite. Cannes, uma experiência. E nas redes, isso se amplifica. Pergunte quem ganhou a última Palma de Ouro e poucos saberão que foi Anora. O que importa é o close, o flash, o post perfeito.

Mais tarde, sigo para a saideira no Petit Majestic. Reencontro Sabrina Fidalgo, Diane Maia, Marcelo Campanér, Lírio Ferreira e Loiro Cunha, diretor de fotografia de Para Vigo Me Voy, de Cacá Diegues. O filme rendeu a melhor festa brasileira do ano, no barco Lady Jersey. E sim, eu estava lá.

Na manhã seguinte, é dia de fervo e frevo com a estreia de O Agente Secreto. Meu ingresso, obtido com uma dealer local, tinha o QR code vencido. Trambique digital com charme francês. Por sorte, um amigo me salva. Entro no segundo tempo. Êxtase coletivo: o cinema brasileiro vivendo seu melhor momento. Camila Pitanga, também presente com o filme Samba do Infinito, resume o clima: “Um filme delicado, poético e esteticamente ousado. Tapete vermelho duplo representando o Brasil. Olha que lindo isso tudo aqui.” Logo depois, a banda Guerreiros do Passo invade o tapete. Na comissão de frente, Alice Braga, Maria Fernanda Cândido e Bárbara Paz. “Grande momento do cinema brasileiro. Fui abre-alas do filme! É uma volta por cima triunfante”, diz Bárbara.

Barbara Paz e Camila Pitanga na estreia de “O Agente Secreto” (Foto: Getty Images)

MOVIMENTO

Na festa oficial do longa, encontro Vânia Catani, que resume: “O festival mudou porque nossa indústria mudou. Hoje, Cannes é resistência. Não é streaming. É cinema na sala, como tem que ser.” Encerrando a noite, converso com Kleber. “Tivemos a melhor première possível. Andar do Majestic com os Guerreiros do Passo foi emocionante. Estávamos com mais de 60 pessoas da equipe e elenco aqui. Cannes é a linha do tempo do cinema. É a maior sessão de cinema possível no mundo. Irrefutável, né?”

Deixo o festival pouco antes da votação final com uma esperança na bagagem: ver o Brasil ser, desta vez, o protagonista — ou, quem sabe, o Mickey — na Disneylândia do cinema mundial. Vive Cannes, vive Brésil. Que o cinema brasileiro continue sendo nossa nova paixão nacional. É disso que a gente precisa.

Kleber Mendonca Filho e Wagner Moura no photocall de “O Agente Secreto” (Foto: Getty Images)


O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, conquistou os prêmios de Melhor Diretor (para Mendonça) e Melhor Ator (para Wagner Moura). Ambientado no Brasil de 1977, o thriller político acompanha Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna a Recife para se reconectar com o filho e acaba confrontando os fantasmas da ditadura militar. O filme mescla suspense, humor e memória histórica, tendo sido ovacionado por 13 minutos após sua estreia no Grand Théâtre Lumière.

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