E se o futuro não estiver no que será construído, mas em nos vermos como parte da natureza? Essa pergunta se fez urgente na estreia da Bazaar Interiors na Pinacoteca de São Paulo, nesta terça-feira. O tema anual da revista, guiado pelos quatro elementos da natureza, direcionou o evento Futuros Possíveis, reunindo nomes potentes da arte, arquitetura e design para imaginar caminhos.
Evento “Futuros Possíveis” – Foto: Lu Prezia
Foram três mesas mediadas pela editora Beta Germano, cada uma atravessando um território simbólico. A primeira, dedicada à água, trouxe Humberto Campana, que compartilhou memórias com as águas como força criativa – ele, que antes era artesão, sofreu um acidente em 1988, em um redemoinho praticando rafting: depois dessa revolução pessoal, tornou-se de fato designer. Em proporção parecida, uma enchente impactou profundamente parte do acervo do fotógrafo Bob Wolfenson. A tragédia se transformou em poesia fotográfica com o livro e a exposição Sub-Emerso. O artista visual e curador Tiago Sant’Anna se juntou aos dois, contando sobre a face da água na produção artística, como testemunha da História.

Bob Wolfenson, Tiago Sant’Anna, Beta Germano e Humberto Campana – Foto: Lu Prezia
Na segunda mesa, Nuvem Digital, o ar, elemento invisível e desafiador, esteve em pauta. Guto Requena falou sobre sua investigação a respeito de um tema urgente: será que no futuro veremos as tecnologias como aliadas ou inimigas? A curadora de arte Ana Carolina Ralston refletiu sobre artistas que utilizam esse elemento para tocar em sentimentos profundos. Já Thiago César, diretor de marketing para Consumer Electronics da Samsung, revelou o impacto das casas conectadas. “Entramos na Era da Inteligência Artificial afetiva. Os equipamentos passam a entender suas necessidades e a responder de forma mais complexa, não-binária, para servir aos moradores.”
1 / 3Guto Requena – Foto: Lu Prezia
2 / 3Ana Carolina Ralston – Foto: Lu Prezia
3 / 3Thiago César – Foto: Lu Prezia
Fechando o ciclo, a terceira mesa nos devolveu à terra, com saberes ancestrais e a observação. Os arquitetos e designers Luís André Guedes e Pablo Vale, da Guá Arquitetura, levaram ao palco o Mestre Josa, carpinteiro que mudou a percepção deles da Arquitetura com sabedoria enraizada. Bárbara Tupinikim, do povo indígena Tupinikim, do Espírito Santo, falou sobre pensar o mar como território – você já ouviu falar sobre o conceito de maretório? Por fim, o arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum contou como levou 14 anos para construir a casa do cacique Ubirajara Yawanawá, fazendo a força do povo indígena circular.

Evento na Pinacoteca marca o lançamento da Bazaar Interiors – Foto: Lu Prezia
Ao final, uma certeza: imaginar futuros possíveis passa por escutar a natureza, da qual somos parte. É isso que a Bazaar Interiors incita, com diálogos que estarão na revista impressa, em breve nas bancas.